Duas posições contrastadas do pensamento geográfico português sobre a teorização da fronteira lusoespanhola no início do século XX
Abstract
Resumo: Este trabalho reporta-se à teorização do pensamento geográfico português sobre a individualização da fronteira luso-espanhola nas primeiras décadas do século XX, pretendendo-se demonstrar à luz dos conceitos geopolíticos, que a Ibericidade foi, como ainda é, uma marca indelével em termos geográficos e uma necessidade em termos históricos para o conjunto dos dois países peninsulares.
Relativamente à delimitação das fronteiras existentes na Península Ibérica, avultam os investigadores portugueses Amorim Girão e Mendes Corrêa. Estes dois geógrafos apresentam como denominador comum o facto de considerarem que a delimitação fronteiriça ibérica é (quase) sempre artificial, produto e obra da acção do Homem, mesmo quando apresenta como limites acidentes naturais. Pode por conseguinte afirmar-se que se a consolidação da fronteira luso-espanhola foi sancionada pelos acordos político–diplomáticos, também não é menos verdade que a sua delimitação zonal em termos espaciais se foi afirmando progressivamente à medida que se estabilizavam as fronteiras resultantes da progressão da Reconquista para locais mais meridionais. Assinale-se o facto de a pesar de não existirem limites naturais significativos entre ambos os reinos, se formou uma delimitação tão estável que perdurou até aos dias de hoje.
Palavras-chave: Geografia Humana,paisagem, Geografia Política, Geopolítica, frontera, municipalismo, nacionalismo, Nação, Estado, Iberismo, Salazarismo.
Abstract: This paper discusses the theorization of Portuguese geographical thought concerning the individualization of the Portuguese-Spanish border in the first decades of the twentieth century. It seeks to demonstrate, in the light of geographical concepts, that “Iberia-ness” (Ibericidad/ Ibericidade) was, and still is, an indelible mark in terms of geography and a necessity in terms of history for both countries.
It addresses the delimitation of the current borders in the Iberian Peninsula, looking specifically at Amorim Girão and Mendes Corrêa. The common denominator between these two geographers is the consideration of the Iberian border delimitation as being the (nearly) always artificial, product of human action, even where natural anomalies form the actual frontier. It can therefore be asserted that whilst the consolidation of the Spanish-Portuguese border was sanctioned by politico-diplomatic agreements, then it is also no less true that its zonal delimitation in special terms was becoming progressively stronger, as the borders—resulting from the progression of the Reconquista to locations further south— were stabilizing. It should be noted that despite the absence of significant natural boundaries between the kingdoms, a delimitation was created and has been so stable that it still stands even today.
Key words: Human Geography, landscape, Geopolitics, Political Geography, border, municipalism, nationalism, Nation, State, Iberism, Salazarism.
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